domingo, 4 de março de 2012


Apresentação


Por muito tempo, a Dança e a Educação mostraram-se pertencentes a universos antagônicos, diferentes, distantes e isolados, a ponto de Fontanella1 (1985) afirmar que uma nega a outra, não podendo estar aliadas porque (...) a dança unifica o homem, a educação precisa dividi-lo; a dança une os homens, a educação os separa; a dança não visa à produção, a educação visa primeiramente e fundamentalmente à produção; etc. Já é chegada a hora da desmitificação de tal concepção e apresentar o elo Dança-Educação, diante das contribuições que traz para a formação crítica e para o desenvolvimento integral do ser humano.
A organização deste Caderno apresenta uma área ainda incipiente no Brasil – apesar da luta antiga de pesquisadores e professores da Arte do Movimento, que acreditam e vêem a dança como forma de educar um cidadão –, mas que paulatinamente está conquistando espaço na educação, na academia e, principalmente, nas escolas.
A Dança-Educação é um referencial para as questões que permeiam a educação de nossos tempos, apresenta novos olhares para o ser humano, mostra o quanto ele pode criar, expressar, aprender, socializar e cooperar, se educado também pela dança, deixando para trás a "velha" concepção de que o aluno deve estar sempre sentado, calado, ouvindo o professor.
O texto de Ciane Fernandes apresenta Rudolf Laban, o "pai" da Dança-Educação e seu Sistema de Análise de Movimento. Expõe as fases do desenvolvimento da criança ressaltadas nos fatores de movimento: espaço, peso, tempo e fluência e as possíveis relações com o processo de aprendizagem.
O segundo texto, de Ida Mara Freire, relata o ensino de Dança-Educação em escolas públicas inglesas e a formação do professor especialista, indagando o porquê da criança brasileira não aprender dança na escola. A autora apresenta tanto práticas corporais que possam servir de apoio ao ensino de Dança-Educação, quanto a sua aplicabilidade a pessoas portadoras de deficiências.
O próximo artigo refere-se à proposta de Dança Educativa, que desenvolvo em escolas particulares da cidade de São Paulo, remetendo a questionamentos sobre qual o estilo de dança mais apropriado para o contexto escolar. Saliento a urgência e a necessidade de formação de professores especialistas para atuarem na área.
No último artigo, Marcia Strazzacappa afirma que toda educação é educação do corpo,chamando a atenção para a imobilidade a que a prática escolar sujeita o aluno. Expõe a compreensão que crianças e jovens contemporâneos fazem da dança e, finalmente, ressalta a necessidade, não só do aluno, de vivenciar a dança, mas principalmente por parte do professor, para sentir, perceber e compreender a importância desta atividade na educação.
Ao apresentar este Caderno temático, solicitado pela professora Aparecida Neri de Souza, cujo título é inédito e importantíssimo na área da educação brasileira, faço votos de que o mesmo se torne mais um documento de apoio e reflexão crítica – dentre as pouquíssimas bibliografias existentes em português – sobre o movimento dançante na escola.


Marta Scarpato*


1 Fontanella, F.C. O corpo no limiar da subjetividade. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Educação da Unicamp. Campinas, 1985.
* Coordenadora do Curso de Dança da Faculdade Paulista de Artes (SP), mestra em Educação Física pela Unicamp, pedagoga pela PUC-SP e professora de Dança Educativa no Colégio Assunção e Instituto Madre Mazzarello.
 

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Maria, Rainha da Paz!

Maria, Rainha da Paz!
Rogai por todos nós... Mãe do mundo!

Você imaginava?


"VOCÊ IMAGINAVA ...
QUE APRENDERIA ENQUANTO ENSINAVA...
QUE DANDO RECEBERIA...
QUE BRINCANDO CONSTRUIRIA...
QUE SERIA PROFESSORA E GUIA???
VOCÊ IMAGINAVA...
QUE DEIXARIA MARCAS PROFUNDAS COM SEUS EXEMPLOS E SEUS OLHARES, TRANSFORMANDO LÁGRIMAS EM RISOS E GARGALHADAS???
VOCÊ IMAGINAVA QUE CHEGARIA ESSE DIA EM QUE SEUS ALUNOS DIRIAM AO MUNDO INTEIRO "MINHA PROFESSORA, EU TE ADORO!!"
SE CHEGOU A IMAGINAR ALGUNS DESSES MOMENTOS, COM CERTEZA, EM SEU CORAÇÃO JÁ TINHA A ESSÊNCIA DESTA LINDA PROFISSÃO!!!!
(MARIA ROSA NEGRIN)

Lilás

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